quarta-feira, 16 de março de 2011

25 anos, 5 meses de embarazo



Às 10h35 do dia 16 de outubro de 2010, estava desembarcando na Espanha ao lado de “Juan sin nombre”, meu misterioso vizinho de assento no avião. A conversa com o espanhol, além de ter me inspirado a escrever o primeiro texto para o blog já em solo madrilenho, introduziu o que viria a ser essa jornada: uma caixinha de boas surpresas.

Passados cinco meses, acordo às 8h com um burburinho na porta do meu quarto. Minhas amigas Rachel, americana, María Paola, venezuelana, e Virgínia, espanhola, cantam “cumpleaños feliz” entre diferentes sotaques. Hoje, no dia em que celebro um quarto de século, também completo cinco meses de embarazo.

Nesse período, outras estrelas iluminaram meu caminho. Fizeram com que a minha estada em Madri recebesse um brilho a mais. Até no “acaso ordenador das coisas”, como diria Pedro Fonseca, uma pessoa muito especial. Na Itália ou no Irã, sempre esteve presente, trazendo luz em palavras, aventuras e coragem.

A manhã segue com coincidências que não são coincidências. No metrô, às 9h15, escuto “parabéns para você” vindo do outro lado da plataforma. Era Natália San´t Anna, a segunda brasileira que conheci em Madri, e que virou minha irmã. Ela também estava indo à aula, só que na direção contrária, na companhia de Jholany Blanco, colombiana e uma das minhas companheiras preferidas de conversas e saídas. Enquanto o trem partia, acompanhava as palmas e o sorriso da Nat, que ficaram para trás junto com os olhares curiosos que não entendiam o que era “muitas felicidades, muitas anos de vida”.

Chegando no jornal, poucos minutos antes das 10h, a venezuelana Andreína Reina, também bolsista da Fundación Carolina e meu braço direito no mestrado, me esperava com o bolo da foto acima. Para um dia de aniversário sem planos, me surpreendi com gestos carinhosos, de pessoas que conheço há poucos meses, mas que já fazem parte de histórias inesquecíveis.

Além delas, poderia citar vários outros nomes. Fernando Silveira e Paula Daibert, que, junto com a Nat, formaram a minha família brasileira em Madri. Guilherme Fogaça, candidato a ser o quinto elemento, que conquistou os nossos corações pela simpatia.

Isaura Fontcuberta, responsável pelo meu primeiro bate-papo no mestrado. Nos conhecemos logo na catraca da sede do jornal, no primeiro dia de aula, e dias depois já estava madrugando em sua casa fazendo trabalho, comendo pizza e ouvindo música, da salsa à bossa.

Ana Martinez e Kennan Mieroop, meus professores de violino e de francês, que transformaram as minhas sextas e domingos em notas, letras e poesia. Kênia Magalhães, que me acolheu e me hospedou nos primeiros dias de Madri. Seu namorado, Yosu Navalpotro, que me levou ao parque de diversões de Madri com seus filhos lindos e me fez descobrir que, quanto mais velha, mais eu tenho medo de altura e meu gosto por algodão doce só aumenta.

Meus primeiros amigos, os venezuelanos Pablo Hurtado, Alek Szabunia e Pablo Tu. No meu primeiro domingo em Madri, me apresentaram a cidade e tivemos a primeira conversa no chão da praça. Laura Castelló, uma espanhola que conheci buscando apartamento - daquelas que dá vontade de levar para casa - e a afinidade foi instantânea.

Sílvia Méndez e Rosa Aldana, que me convidaram para participar da criação do programa de rádio Huellas Latinas, da Fundación Carolina, e tem sido uma experiência enriquecedora. Minha xará argentina, Carolina Andreotti, que me recebeu como uma filha e amiga e me levou pela primeira vez ao Parque do Retiro, um dos meus lugares favoritos de Madri.

As paulistas Vanessa de Paula, Lígia Nogueira e Maria Fernanda de La Cruz, as cariocas Marina Golçalves e as duas Paulinhas, Chalhoub e Albuquerque, que trouxeram alegria e cumplicidade. Jolanta, a estátua-viva que me presenteou com a sua história e me mostrou que o silêncio ensina mais que muitas palavras. Maria José, a camareira da pousada do Sr. Manuel, que tem o abraço mais gostoso do mundo, depois do abraço da Tia Raquel.

Fábio Junque, que me levou para Liverpool sem sair da Espanha e dividiu comigo um dos momentos mais memoráveis, assistir ao show do Luar na Lubre, em Alcalá de Henares. Tiago Meira, que me convidou para um dos melhores programas: assistir aos seus concertos de flauta. Rodrigo Borges, que ouvi pela primeira vez pouco antes da viagem e que acabou tornando minha trilha sonora de Madri, me fazendo sentir em casa ao recordar das nossas gerais.

Muitos outros nomes. Meus amigos do Brasil, minha família e você, que me acompanha de perto e de longe, me motivando a contar aqui as minhas histórias, experiências, ideias, impressões e sentimentos, frutos de um embarazo que já passou da metade, mas que ainda tem muito para acontecer.

Neste dia, só tenho a agradecer. Obrigada!

11 comentários:

Zoi di Gato disse...

Parabéns pelo belo quarto de século! Que os quatro meses restantes de embarazo sejam ainda melhores!!

MarinaG disse...

Fofa, que sorte temos né? Aproveita tudo aí, e principalmente as pessoas. É o que fica. Beijo com saudade.

Ariadne Lima disse...

Que invejinha deles por terem você por perto! Amiga, te mandei uma mensagem ontem no celular que você me passou, mas acho que você não recebeu, né? Fica então o meu abraço e a minha energia, sempre positiva, para que você tenha tudo o que esse coraçãozinho lindo precisa e deseja. Parabéns, te adoro! Didica.

Carol Jardim disse...

Ei Ma, muita sorte mesmo! Sim, as pessoas, como você, mudam tudo!

Carol Jardim disse...

Ei Didica linda, você está aqui comigo, sempre. Obrigada pela lembrança, desejo o mesmo para você. Não recebi a mensagem. Meu cel do Brasil não funciona mais aqui. Só estou com o espanhol, que é 34650828134. Beijos

Carol Jardim disse...

Así espero, Zoi di Gato, que sejam ainda melhores. Obrigada!!! Beijos

Pedro disse...

"Dentro, iam o rei de portugal, dom joão, o terceiro, e o seu secretario de estado, p^ero de alcáçova carneiro, a quem talvez não vejamos mais, ou talvez sim, porque a vida ri-se das previsões e põe palavras onde imaginamos silêncios, e súbitos regressos quando pensámos que não voltaríamos a encontrar-nos."José Saramago, A Viagem do Elefante.

Osmar Fraga disse...

Parabéns (muito) atrasado!
Muitos quartos de século de vida!
Beijao! :*
Osmar

Unknown disse...

Carol, lembrança do seu niver...


La luna embarazada

São Jorge filho da lua
Percorre um olhar na rua
Tornando a vida nua.
Janelas retangulares
Nos trazem a vossos ares,
Que com harmônica simetria
Representam vida em alegria.
Palavras que cruzam mares
Relatam o que ali se via
E sem falar de pesares
Mostram o bem em sintonia.
Repente de pouca linha
Saúda a bela resenha
Que desfruta a rua
À luz da lua.

=]

Carol Jardim disse...

Ei João, achei lindo o texto! Fiquei muito emocionada. :) Obrigada, de coração.

Anônimo disse...

caixinha de surpresas especiais.Quanta gente bacana passou e deixou alguma coisa em você, não é mesmo::Muitos beijos, Esperança. P.s: como eu gostaria de estar aí com vc...