Com a mistura de água e barro, boné, jaqueta e botas, a polonesa Jolanta Dziuba assume um personagem que não combina com suas bochechas rosadas e com a doçura de sua voz. Ela se transforma em um operário, que troca o silêncio e a capacidade de não se mover por 30 euros diários.
Jolanta é uma das estátuas vivas que entretém os turistas de Madri, “mais do que os próprios madrilenhos”, diz. Ela se destaca entre seus colegas de trabalho pela perfeição de seu disfarce. O barro seca e a mulher de quase meio século de idade vira uma pedra.
Jolanta é uma das estátuas vivas que entretém os turistas de Madri, “mais do que os próprios madrilenhos”, diz. Ela se destaca entre seus colegas de trabalho pela perfeição de seu disfarce. O barro seca e a mulher de quase meio século de idade vira uma pedra.
Jolanta passa de seis a oito horas por dia praticamente imóvel e em silêncio. “Comecei a trabalhar como estátua por necessidade. Agora, não é só uma questão de ganhar dinheiro. Sinto-me realizada quando as crianças tentam descobrir se sou de verdade ou de mentira”, conta. “O lado ruim é a insegurança. Não sei quanto vou ganhar então não posso me planejar”, relata.
As estátuas vivas se instalam no centro histórico da cidade. Entre elas, não há lei. Vence quem chegar primeiro. Pela manhã, Jolanta trabalha perto da Ópera, um teatro que fica próximo ao Palácio Real. À tarde, na rua Postas, ao lado da Plaza Mayor. No domingo, o local escolhido é o Parque Retiro. “Não tem um lugar melhor que o outro. É uma loteria. Com a crise econômica, meu rendimento está pior. Antes, o que ganhava com cinco horas, agora consigo com oito”, afirma.
Passar tanto tempo parada é um esforço. Rende dores nas costas, pescoço e perna, e a estátua tem que largar mão de um prato de comida ou de uma xícara de café. “Evito beber e comer para não ter que ir ao banheiro. Se não, tenho que tirar o barro e colocar tudo de novo”, conta. Quem pensa que ela está de olhos fechados, engana-se. Estão sempre entreabertos e concentrados nas moedas que garantem seu ganha pão. “Tem muitos ladrões aqui”, revela, quando perguntei sobre o que ela fica pensando enquanto trabalha.
Jolanta aproveita o tempo livre para conversar com suas filhas pela Internet – uma mora na França e a outra na Polônia. Também gosta de ler livros e jornais. Ela participa de um rodízio com alguns amigos poloneses. “Cada semana, um fica responsável pela compra de um jornal da Polônia”, conta a mulher, viúva e órfã de pai e mãe.
Antes de vir à Espanha, há sete anos, Jolanta trabalhava em uma fábrica de materiais metálicos em Chorzow, a 300 quilômetros de Varsóvia. Após a falência da empresa, ela decidiu mudar-se para Madri em busca de trabalho. Sem dominar o espanhol, a polonesa não foi bem aceita no mercado. A alternativa foi exercer uma atividade que não precisasse falar.
Com barro dos pés à cabeça, nos olhos, orelhas e boca, ela se fecha para o mundo. Somente interage com o público quando escuta o som da moeda caindo na caixinha e faz um sinal de agradecimento.
2 comentários:
Jardim, sinceramente, pela foto, não achei a bochecha da Jolanta rosada nem a voz doce, mas se você garante, fico contigo. Espero não levar outra bronca da Débora... rss, por fazer esse tipo de comentário bobo.
rsrs...ela é branquinha, de bochecha cor de rosa. Mas na foto o rosto dela ficou todo rosado, falta de uma luz potente que ajuda a dar mais fidelidade aos tons. A voz dela é doce, mansa, ela fala baixinho, calma, linda! Vem aqui que te apresento. Você ia adorar tomar um café com a gente.
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